segunda-feira, 16 de junho de 2014

 À Queima- Roupa

                                                           Cláudio Hermínio

   Começar uma história de amor é fascinante! A paquera não revelada, o primeiro beijo, o timbre de voz que nos toca profundamente, o piscar dos olhos e a expressão de todo o corpo que arrebata-nos a libido. É como tirar os sapatos, caminhar por entre as pedras e a terra incandescente e mesmo assim, ter a sensação de ter sido massageado por inteiro. Neste momento descobrimos ser parte do todo, e tudo aquilo que parecia fugaz aos nossos olhos se torna visível: " O olhar sobre o horizonte sendo comido pelas montanhas, às gafes cometidas em excesso pelo companheiro ou companheira, as noites mal dormidas, o odor da bebida que exala entre quatro paredes quando estamos a sós." E a música? Aquela música! Que na maioria das vezes escolhemos para selar a união... Mas o tempo foge e com ele os pequenos detalhes, quando percebemos o embrulho do presente já não é mais o mesmo, vem polido pela erosão, o nome que soava forte aos nossos ouvidos agora dói ao ser chamado pelo diminutivo: " Paulinho, Pedrinho, Claudinha." Já não bastasse, ressuscistam-se os provérbios ou ditados populares: " Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar...". Difícil aceitar que a narração de acontecimentos agora são histórias em quadrinhos com legendas apagadas, podendo ser contadas apenas por meras fotografias empilhadas nas gavetas da cômoda, que certamente serão devoradas pelas traças. Não é necessário ser muito inteligente para saber que não há mais volta. Nesta hora somos surfistas acostumados às ondas do mar, mas incapazes de surfar.
   Vale ressaltar aos leitores que cada história é uma história e que o sol nem sempre nasce para todos.

VESTÍGIO

Nos meus sonhos, os unicórnios carregam à note com seus chifres a tiracolo, se passam por Alazões e trepidam lentamente por entre as folhage...