TEMPO VIVIDO
Hoje, minha cidade natal
amanheceu com o tempo nublado.
Impossível
não me deixar levar pelo ar de nostalgia.
Guardo em mim
as bocas que beijei,
os devaneios mais mundanos,
a fumaça do cigarro que nunca traguei,
a última conversa dos amigos que partiram,
o aceno de um amor em desencanto,
a cidade de Luanda que nunca vi,
o cheiro da terra que ousei tocar.
Guardo em mim
o riso,
a dor,
o grito,
o espanto
* Cláudio Hermínio