domingo, 24 de novembro de 2013

               
            TEMPO VIVIDO
 
Hoje, minha cidade natal
amanheceu com o tempo nublado.
Impossível
não me deixar levar pelo ar de nostalgia.
 
Guardo em mim
as bocas que beijei,
os devaneios mais mundanos,
a fumaça do cigarro que nunca traguei,
a última conversa dos amigos que partiram,
o aceno de um amor em desencanto,
a cidade de Luanda que nunca vi,
o cheiro da terra que ousei tocar.
 
Guardo em mim
o riso,
a dor,
o grito,
o espanto
 
 
             *   Cláudio Hermínio  

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

                  VISÃO NOTURNA

 
 
Já é noite em Belo Horizonte.
As quaresmeiras exalam o odor dos sentidos,
arrancando-me do chão.
Do alto, vejo centenas de pontos luminosos
mutilarem casas, aglomerados e condomínios.
 
Meu coração se torna um abrigo de sensações.
 
Nas ruas, deparo com meninas que insistem em vender
suas flores,
Poetas desfigurados recitam em vão...
Damas e travestis requebram entre ruas
que se quebram, desafiando minhas retinas.
 
A chuva cai freneticamente, pequenos roedores
correm a procura de abrigo, outros distraídos se
perdem nas valetas dos bueiros.
 
As horas passam...
A noite se despede.
Meus pés permanecem no chão.
 
 
                            Cláudio Hermínio

VESTÍGIO

Nos meus sonhos, os unicórnios carregam à note com seus chifres a tiracolo, se passam por Alazões e trepidam lentamente por entre as folhage...