VISÃO NOTURNA
Já é noite em Belo Horizonte.
As quaresmeiras exalam o odor dos sentidos,
arrancando-me do chão.
Do alto, vejo centenas de pontos luminosos
mutilarem casas, aglomerados e condomínios.
Meu coração se torna um abrigo de sensações.
Nas ruas, deparo com meninas que insistem em vender
suas flores,
Poetas desfigurados recitam em vão...
Damas e travestis requebram entre ruas
que se quebram, desafiando minhas retinas.
A chuva cai freneticamente, pequenos roedores
correm a procura de abrigo, outros distraídos se
perdem nas valetas dos bueiros.
As horas passam...
A noite se despede.
Meus pés permanecem no chão.
Cláudio Hermínio
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