domingo, 24 de novembro de 2013

               
            TEMPO VIVIDO
 
Hoje, minha cidade natal
amanheceu com o tempo nublado.
Impossível
não me deixar levar pelo ar de nostalgia.
 
Guardo em mim
as bocas que beijei,
os devaneios mais mundanos,
a fumaça do cigarro que nunca traguei,
a última conversa dos amigos que partiram,
o aceno de um amor em desencanto,
a cidade de Luanda que nunca vi,
o cheiro da terra que ousei tocar.
 
Guardo em mim
o riso,
a dor,
o grito,
o espanto
 
 
             *   Cláudio Hermínio  

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

                  VISÃO NOTURNA

 
 
Já é noite em Belo Horizonte.
As quaresmeiras exalam o odor dos sentidos,
arrancando-me do chão.
Do alto, vejo centenas de pontos luminosos
mutilarem casas, aglomerados e condomínios.
 
Meu coração se torna um abrigo de sensações.
 
Nas ruas, deparo com meninas que insistem em vender
suas flores,
Poetas desfigurados recitam em vão...
Damas e travestis requebram entre ruas
que se quebram, desafiando minhas retinas.
 
A chuva cai freneticamente, pequenos roedores
correm a procura de abrigo, outros distraídos se
perdem nas valetas dos bueiros.
 
As horas passam...
A noite se despede.
Meus pés permanecem no chão.
 
 
                            Cláudio Hermínio

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Cláudio Hermínio toma posse como Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni - MG

  O escritor Cláudio de Almeida Hermínio foi diplomado como Membro Correspondente da Academia de Letras de Teófilo Otoni - ALTO. Na sessão de 26 de Outubro de 2013, às 19h, no Plenário da Câmara Municipal de Teófilo Otoni- Praça Tiradentes, 170, Centro, Cláudio Hermínio foi eleito por unanimidade dos votos e passou a integrar o corpo acadêmico desta prestigiada instituição literária.

Discurso de posse de Cláudio Hermínio na Academia de Letras de Teófilo Otoni

   Excelentíssima Senhora Amenaide Bandeira Rodrigues, Presidente da Academia de Letras de Teófilo Otoni, professor Wilson Colares da Costa, secretário desta academia, Acadêmicos, Senhoras, Senhores, meus ilustres amigos e meus familiares, boa noite.

   É uma honra ser convidado para integrar a Academia de Letras de Teófilo Otoni, na condição de membro correspondente; da qual fazem parte escritores de grande valor e mérito dentro da nossa sociedade.

   Neste momento tão especial vem me à memória a irmã de minha avó materna, uma mulata brejeira habituada a se vestir com chita, um tecido de algodão estampado em cores. Vejo-a vindo em minha direção com passos delicados e um objetivo, ensinar-me as primeiras letras. Fecho os olhos e ainda escuto sua voz mansa acalmando-me quando me perdia ao soletrar as vogais e as consoantes. Uma pena que numa bela manhã de Abril alçou voo e nunca mais foi vista, a não ser em meus sonhos, em minha memória e na memória dos meus familiares queridos.

   Muitos anos se passaram e eu hoje um homem feito carrego em mim aquele menino que ensaiava os primeiros passos para o mundo das letras; aquele mesmo menino que se apaixonou pelos livros e passava horas a folheá-los na expectativa de desvendá-los. Com eles criei meu mundo habitado por amigos imaginários e confidentes.

   Agradeço a Deus e dedico esta conquista aos meus familiares e amigos, em especial às amigas Ângela Maria Goulart Santos e Cláudia Resende Pace que sempre vibraram com as minhas conquistas literárias e me incentivaram a ir em frente.

   Tenho consciência de que ao término deste meu sincero discurso serei um imortal desta prestigiada Academia de Letras, emoção não me falta tampouco alegria. Sei que a vida prosseguirá e com ela sonhos, desde os mais simples, aos mais inusitados.

   Tomo a liberdade de mencionar a seguinte afirmação de Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão: veredas " Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando".

   Agradeço pelo carinho e confiança com que me recebem nesta Academia, muito obrigado.



VESTÍGIO

Nos meus sonhos, os unicórnios carregam à note com seus chifres a tiracolo, se passam por Alazões e trepidam lentamente por entre as folhage...